
A Edição 127 do Boletim das RSCM nas Nações Unidas destaca a 66.ª reunião da Comissão sobre o Estatuto da Mulher (CEM), que terminou a 25 de março, com a adoção por consenso das Conclusões Acordadas sobre a igualdade de género de todas as mulheres e meninas no contexto das alterações climáticas, políticas e programas ambientais e de redução do risco de catástrofes.
Durante um período de duas semanas, e em paralelo com as sessões formais, os painéis interativos e as negociações dos Estados-membros, uma maratona de cerca de 800 sessões virtuais formaram o Fórum CSW da ONG sobre o mesmo tema. O Fórum tinha como objetivo informar, envolver e inspirar os esforços das bases e a defesa dos direitos das mulheres e meninas face às alterações climáticas e ao desastre ambiental. Esta edição partilha alguns vislumbres destes eventos:
A crise climática não é “neutra do ponto de vista do género”!
Ondas de calor, secas, subida do nível do mar e tempestades extremas afetam desproporcionadamente as mulheres, aumentando as desigualdades de género existentes. Estudos confirmam que as mulheres são mais propensas a viver na pobreza do que os homens e têm menos acesso aos direitos humanos básicos, que lhes permitam adquirir terra e circular livremente. Também enfrentam uma violência sistemática que se agrava durante períodos de instabilidade e crise.
Redução do risco de catástrofes
Como é que a erosão costeira causada pelas alterações climáticas afeta as mulheres indígenas? Numa sessão informativa, o testemunho das mulheres indígenas revelou o impacto da erosão costeira nas mulheres e na segurança alimentar nas comunidades indígenas. No Louisianna, EUA, dois terços dos 35.000 canais escavados por companhias petrolíferas e de gás no século passado já não são utilizados e continuam por encher. O resultado é uma perda de pântanos vitais que torna a área mais vulnerável às inundações e representa uma ameaça para a vida, subsistência e cultura das comunidades nativas americanas. Com a perda de terras e casas, devido à incursão de água salgada, a vegetação morre, as fontes de alimento são reduzidas e os meios de subsistência na indústria pesqueira perdem-se.
Género e Resiliência face às Alterações Climáticas
Ao longo da CEM, vários relatórios e testemunhos pessoais destacaram o facto das mulheres estarem a mostrar uma notável resiliência face às alterações climáticas. São frequentemente elas que lideram os movimentos locais de ação climática, defendendo fontes limpas de energia, e construindo alternativas que se centram na cooperação e na sustentabilidade. De Samoa ao norte do Canadá, das Filipinas ao Malawi, as mulheres partilharam iniciativas concretas de resiliência face à crise, promovendo ações simples que muitas vezes se baseiam na sabedoria indígena.
NOTÍCIAS DAS RSCM
. À medida que a invasão da Ucrânia se intensificou durante o mês de março, os Religiosos na ONU (RUN) realizaram um tempo de oração e solidariedade em frente à Sede da ONU. A iniciativa foi apoiada pelas RSCM, ajudando na preparação das folhas de oração e nos lenços de pescoço com as cores da bandeira ucraniana. Um pequeno grupo de cidadãos ucranianos manifestou-se nas proximidades e veio juntar-se às RSCM no momento da oração.
. Durante um período de dois dias, no final de março, realizou-se no Colégio do Sagrado Coração de Maria de Lisboa, a Conferência Sagrado MUN – MODELO DAS NAÇÕES UNIDAS. O salão da Assembleia estava cheio de 350 “delegados” adolescentes das Nações Unidas que passaram dois dias centrados na paz, justiça e segurança no mundo através da lente de questões que incluíam “Conflitos Éticos: Desigualdades Sociais” e “Rússia vs Ucrânia”. Os participantes aprenderam a arte de negociar questões de importância vital no nosso mundo de hoje, adotando a perspetiva de um determinado Estado membro.