
Na edição 137 do Boletim das RSCM nas Nações Unidas encontramos referência à 22.ª sessão do Fórum Permanente das Nações Unidas sobre Questões Indígenas, que teve lugar na sede da ONU, em Nova Iorque, de 17 a 28 de abril, tendo como tema central “Povos Indígenas, saúde humana, saúde planetária e territorial e alterações climáticas: uma abordagem baseada nos direitos”. Esta foi a primeira reunião presencial completa do Fórum desde a pandemia. Uma das principais questões debatidas salientou o facto de as estratégias desenvolvidas para fazer face à crise climática ocorrerem frequentemente sem consulta das populações indígenas das zonas em causa, usurpando assim os direitos das populações e explorando os seus recursos. A extração dos minerais necessários para os veículos elétricos, como o níquel, o lítio e o cobalto, sem a necessária participação das populações indígenas cujas terras e fontes de água são afetadas, corre o risco de introduzir um novo tipo de “colonialismo verde”.
Durante o Fórum, o Grupo de Trabalho sobre Mineração das ONGs teve a oportunidade de se encontrar com delegados da REPAM (Rede Eclesial dos 9 países da Região Pan-Amazónica) e do CIMI (Organização Brasileira de Missionários Indígenas). Esta foi uma oportunidade valiosa para ouvir o poderoso testemunho trazido pelos povos indígenas do Brasil, Perú, Guatemala e Equador e para discutir formas de o Comité das ONGs dar seguimento às questões levantadas na sua defesa na ONU.
Fórum das Nações Unidas sobre as Florestas
A gestão, a conservação e o desenvolvimento sustentável das florestas do mundo é a questão central abordada pelo Fórum das Nações Unidas sobre as Florestas, que se reuniu na sede da ONU de 8 a 12 de maio. Com mais de 1,6 mil milhões de pessoas a dependerem das florestas para a sua subsistência, modos de vida, emprego e rendimento, este precioso recurso planetário desempenha um papel fundamental na luta contra a pobreza e no avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, combatendo a desertificação, a degradação dos solos e as alterações climáticas. Mas as florestas estão em grave risco devido ao abate ilegal e insustentável de árvores, aos incêndios florestais, à poluição, às doenças e à degradação. A revitalização das florestas degradadas é de importância crítica para o bem-estar humano e para o futuro da vida na Terra.
Prémio Ambiental Goldman
Todos os anos, o Prémio Ambiental Goldman é atribuído a campeões ambientais de base de todo o mundo que tenham tomado medidas extraordinárias para proteger o planeta. Em abril, Alessandra Korap Munduruku (Brasil) foi uma das 6 ativistas de base a quem foi atribuído o prestigiado Prémio. Na sequência do retrocesso das proteções relativas aos direitos ambientais e indígenas durante o Governo Bolsonaro, ela organizou ações comunitários para impedir a poderosa empresa mineira britânica Anglo Americana de invadir terras indígenas, incluindo 178 000 hectares de floresta amazónica. O seu empenho levou-a a receber ameaças de morte após o seu poderoso testemunho na Conferência sobre o Clima COP 2021, em Glasgow.
Redução do risco de catástrofes: o Quadro de Sendai
Os países em desenvolvimento sem litoral (PMA) são desproporcionalmente afetados pelas alterações climáticas e pelas catástrofes naturais e estão sujeitos a vulnerabilidades estruturais. Não tendo acesso direto ao mar e estando dependentes dos países vizinhos para o comércio e as rotas de transporte de produtos de base, enfrentam custos de transação mais elevados e exigem o investimento e a manutenção de extensas infraestruturas rodoviárias e ferroviárias.
Durante a pandemia, os PMD foram particularmente afetados por atrasos nos transportes, atrasos em fronteiras fechadas. A reunião de revisão intercalar do Quadro de Sendai para a Redução do Risco de Catástrofes (2015 -2030) teve lugar na sede da ONU em meados de maio. Durante a sessão de 5 dias, os PMD salientaram as vulnerabilidades adicionais que enfrentam face aos riscos associados à aceleração das alterações climáticas e aos consequentes problemas relacionados com catástrofes como inundações, deslizamentos de terras, ciclones e secas recorrentes.
O Seminário JCoR no Brasil
JCoR – Coligação de Religiosos/as para a Justiça – é uma iniciativa de religiosas e religiosos com representação direta na sede daONU em Nova Iorque, que trabalham para a transformação global de estruturas injustas. Atualmente, são membros 22 ONGs religiosas acreditadas pela ONU, que incluem cerca de 200 congregações religiosas e uma presença em mais de 100 países a nível mundial.
De 30 de abril a 5 de maio, a Irmã Veronica Brand representou o Conselho de Membros da JCoR no workshop que foi organizado pela JCoR da América Latina, em colaboração com a Conferência Continental dos Religiosos da América Latina (CLAR) e a Conferência dos Religiosos/as do Brasil. O workshop reuniu 180 participantes de quase todas as partes do Brasil. Embora a maioria dos participantes fossem religiosas e religiosos, alguns colaboradores leigos e líderes juvenis envolvidos na luta pela promoção da justiça e dos direitos humanos a nível local também foram incluídos. As RSCM estiveram bem representadas pelas Irmãs Geny Alves e Conceição Reis (áreas brasileiras) juntamente com Rita de Cassia (REAJE) que coordena a rede de projetos sociais e iniciativas das RSCM diretamente comprometidas com os excluídos no Brasil.
NOTÍCIAS DAS RSCM
* Visita às escolas CSCM no Brasil Enquanto esteva no Brasil, a Irmã Veronica foi convidada pela liderança da Área Brasileira a participar num programa educacional mutuamente enriquecedor, visitando 3 das 4 escolas RSCM da Rede Sagrado (Brasília, Vitória e Rio de Janeiro), bem como dois dos projetos sociais que fazem parte do REAJE. A evidência das formas criativas com que as escolas estão a viver o Ano Jean Gailhac é geral, tangível e inspiradora. Sessões interativas com professores, pessoal administrativo e alunos proporcionaram oportunidades valiosas para partilhar o envolvimento das RSCM nas Nações Unidas e dialogar sobre as suas iniciativas relacionadas com a JPIC.Visitas às salas de aula, laboratórios e projetos, bem como debates com as equipas de liderança das escolas, deram uma visão das atividades escolares orientadas para osObjetivos de Desenvolvimento Sustentável, com um foco especial no Cuidado da nossaCasa Comum.
