Boletim das RSCM na ONU | 130

A Edição 130 do Boletim das RSCM nas Nações Unidas destaca a 2.ª Conferência dos Oceanos, da ONU, que se realizou em Lisboa, de 27 de junho a 1 de julho. Após um adiamento de dois anos devido à COVID, cerca de 4.000 delegados, incluindo muitos Chefes de Estado e de Governo, participaram na segunda Conferência Oceânica, co-organizada pelos Governos do Quénia e de Portugal e centrada no tema “Intensificar a ação dos oceanos com base na ciência e inovação para a implementação do SDG 14”.

Esteve presente uma delegação das RSCM composta pelas Irmãs Manuela Queirós, Maria Julieta Mendes Dias (Portugal) e a Irmã Virginia Dorgan (coordenadora Internacional da Rede JPIC).

Partilhamos alguns excertos das reflexões sobre esta experiência:

Participar, como ONG do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria, da discussão sobre os Oceanos que decorreu em Lisboa de 27 de junho a 1 de julho, foi um privilégio e é uma responsabilidade.

Falar em conservar e utilizar os oceanos, mares e recursos marinhos de forma sustentável – ODS 14 – tem várias metas a atingir até 2030 e depende de todos e de cada um: “porque só juntos podemos salvar os oceanos”. (…)

Foi muito impactante escutar, ao longo das sessões plenárias, as delegações dos países presentes que manifestaram uma forte consciência da urgência de agir para salvar os oceanos, expressando: “Temos de passar das palavras bonitas à prática”. “Ou atuamos todos em conjunto ou nos perdemos todos”. “A humanidade sem os oceanos é uma humanidade morta”. (…)

Escutamos os gritos dos sem voz através de grupos ligados à Igreja que denunciaram a situação em que se encontram os pequenos povos indígenas, em vias de extinção, que dependem exclusivamente dos Mares, não só por motivos económicos e financeiros, mas também, pela espiritualidade que os liga aos Oceanos.

Os Oceanos estão doentes. “É vital reverter esta situação” disse na sua mensagem, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres. “É preciso passar das palavras aos atos”. (…)

Manuela Queirós RSCM

M. Julieta Mendes Dias RSCM

Tive a sorte de participar na Conferência dos Oceanos, da ONU, em finais de junho. Este é um tema novo e importante para mim, uma vez que o primeiro objetivo do Plano de Ação “Laudato Si” é responder ao grito da terra e cerca de 71% da superfície da terra é coberta por água. A Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou a Década das Nações Unidas da Ciência dos Oceanos para o Desenvolvimento Sustentável (2021- 2030). (…)

O Pacto Global da ONU é um pacto não vinculativo para encorajar empresas e empresas de todo o mundo a adotarem políticas sustentáveis e socialmente responsáveis, e a informarem sobre a sua implementação. Um dos seus objetivos é recolher o lixo antes que ele chegue dos rios para o Oceano.

Novas formas de pensar:

Falou-se de uma Economia Azul, centrada na utilização sustentável, gestão e conservação dos ecossistemas aquáticos e marinhos e descrições de uma Sociedade Azul com o cuidado de incluir a população local nas decisões, procurar as desigualdades e manter os povos nativos na frente. E há Escolas Azuis a desenvolver-se em todo o mundo. Dentro destas novas formas de pensar, há ação para transformar lixo, e mesmo vestuário em produtos úteis. A isto chama-se uma economia circular. (…)

Pedro Walpole, SJ, um irlandês nativo que cresceu nas margens do rio Shannon e trabalhou durante as últimas décadas em pequenas ilhas no Pacífico, é um apaixonado pela necessidade de uma economia de justiça; “a mudança deve ser agora; precisamos de nos ligar à vida dos outros”.

“Só no coração é que sentimos isto”. Espero que esta conferência vá para além das palavras. Já ouvi demasiadas vezes grandes discursos. Precisamos de ação. Precisamos de ouvir os jovens”.

Vamos unir-nos às suas palavras, mais conscientes sobre os Oceanos. Consideremos a conservação como um investimento no futuro, e não como uma restrição ao desenvolvimento atual.

Virginia Dorgan, RSHM